Acordar espaços, acordar movimentos. Tempos.
Voltas e curvas. Laços.
Força, corpo, sentidos!
Voltar aos ritmos básicos, à musicalidade da libido, ao gestual simbólico.
Despertar para o todo envolvente pertence ao substrato não racional da Psique, àquele
invisível em nós que perturba, insiste, persiste. Quer ser visto, exige diálogo.
Entrelace!
O Homo Aestheticus deseja expressão, procura a originalidade da forma escondida no caos criativo. Tempo, espaço e energia interagem e a pluraridade busca seu contorno através do individuo.
O objeto estético desloca-se para a subjetividade e acorda lugares no corpo.
O corpo é o templo da imortalidade da Alma.
No limite bio-ético confirma-se a direção do resgate das raízes nutridoras, da sacralidade da base.
Retorno ao útero! Uma busca da respiração embrionária, o vínculo esquecido com a mãe terra.
O renascer do corpo e seus ciclos criativos.
Uma forma de conhecimento muito íntimo. Você sabe sem ver, sem escutar e sem tocar.
A busca da alma por centralização faz do sacro o receptáculo da graça divina.
Segredos de regeneração e vivificação da matéria trazem leveza e desejo de liberdade ao corpo.
Localizar nosso próprio Ínferos, nossa própria força gravitacional e seu poder de reunir e constituir uma forma, traz de volta o poder regenerativo necessário ao equilíbrio energético.
Surge novamente a divinização da Mater, a terra-mãe.
Nasce nas entranhas do corpo a sede da sabedoria.
Ter no fundo de si mesmo a extensão de uma casa, o ventre criativo, a morada eterna do desejo, o desejo de Ser no Tempo e expandi-lo na Eternidade.
Reencontrar a leveza do Ser é a verdadeira liberdade.
O ventre libidinal deseja consciência, uma nova consciência que reequilibre as forças arrebatadoras espirituais.
“se o indivíduo conseguir reconhecer o inconsciente a modo de fator co-determinante ao lado do consciente, vivendo do modo mais amplo possível as exigências conscientes e inconscientes, então o centro de gravidade da personalidade total deslocar-se-á . Não persistirá no eu,que é apenas o centro da consciência, mas passará para um ponto por assim dizer, virtual, entre o consciente e o inconsciente, o Si-mesmo(Selbst)” - JUNG
"Segredos Curvos"
Clara Rossana Ferraro de Sá
"Segredos Curvos", 2009
Escultura em bronze com base em mármore carrara
20 x 20 x 90 cm